À Deriva

Estamos à deriva, forçados a enfrentar a tempestade, com tripulação atônita, capitão presunçoso e  desconhecedor das rotas, mas obstinado por um rumo. A convergência é o isolamento de pensamento.

Quando a tempestade parecia ser a pior a assolar a nave, novas correntes de ar se formaram.  Alguns se atiraram sem coletes, outros retiraram os sapatos e se armaram de máscaras. A maioria ainda aguarda os comandos em desatino que desviem a nau da vala comum.

Desgovernados, sem perspectivas de visualização de um trajeto menos sinuoso e mais regular, nos vemos diante de uma encruzilhada, invadida por cruzes, com percursos que impõem miragens transparentes que logo se desfazem.

Aonde aportaremos? Quanto tempo temos de suprimentos? E em caso de naufrágio? Teremos botes suficientes? Ou todos já terão sido dados?

Enquanto uns poucos se esforçam em previsões, alguns se empenham em soluções, outros tantos apostam e defendem a catástrofe: ela é iminente, e o que realmente importa é assistir ao naufrágio.

Necessário se faz reservar fôlego e nadar, embora com correntes desfavoráveis.

Há de se alcançar a calmaria.