Nunca chega

O tempo sempre parece
que nunca chega.

Chegou por fim
pra mostrar
que tá em tempo
de revirar gavetas
remexer armários
folhear as letras
praticar doçuras
desfazer as barras
passar ranhuras

alinhavar desejos

desembrulhar as dores
refazer os laços
experimentar sabores
de receitas não cumpridas.

Restaram horas:
amizades digitais
bobagens reais
loucuras surreais.

Até quando
a contagem dos dias
de um tempo
que agora
chega
basta
demoniza.

Até quando
cerceados
por um momento
sem data de despertar,
de dias conduzidos
por notícias
de extermínio.
Qual a aparência da perspectiva?

Espera
da vida por
esperança.