O Novo Corona Vírus: o meu, o seu, os nossos acordes

A sessão de autógrafos do lançamento do meu primeiro livro individual teria sido na semana passada. Foram quase dois anos de trabalho e de muito envolvimento com cada etapa da sua elaboração até a decisão de uma autopublicação – muita aprendizagem associada a dificuldades, mas, por fim, um sentimento de profunda realização. Não fossem as circunstâncias que nos isolam e amedrontam, eu estaria plena. Afinal, quem preenche um papel com palavras tem o desejo de que elas cheguem às mãos de leitores, mesmo que esses, num primeiro momento, sejam em pequeno número.

Momento de recolhimento e reflexão. Em que situação o mundo se encontra, como fomos nos meter numa enrascada dessa dimensão, quando foi que pisamos feio nessa ‘bola’? Não temos respostas claras para essas indagações. Nem eu, nem ninguém. Será? Tenho algumas teorias amadoras formuladas, reformuladas, algumas viagens mentais e emocionais. Adoro fazer isso. Fico juntando uma informação aqui, outra acolá. Pronto! Pareço uma cientista principiante explodindo irresponsavelmente seus experimentos. Salta ideia pra tudo que é lado, de qualquer jeito. Aí me ponho a juntá-las, reposicioná-las e, de repente, até acredito que o resultado possa fazer sentido.

Dali, num salto, já estou no meu livro. Pois é. O título que dei a ele é EnCadeados Acordes. Os acordes que temos escutado mundo afora nas últimas semanas têm sido fúnebres. Estamos – o planeta, as nações, os mais ricos, os mais pobres, os da direita, os da esquerda -, todos, indistinta e irremediavelmente, em encadeamento. Estamos envoltos em cadeados aprisionantes que nos conduzem  a uma fechadura em forma de corona. Nossas casas são agora nossas cadeias, e ao girarmos a maçaneta sustentamos os acordes,  desafiamos a existência do inimigo. No momento, ele é o rei, nós, os súditos. Melhores dias virão para a gente se encontrar.